Grupo de capoeira Mangangá

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Seu contato com a capoeira se deu logo cedo, pois seu irmão mais velho – cujo nome de guerra era “42” e de batismo Gutemberg – o ensinava o que aprendia com o Mestre Ferreirinha. Aos cinco anos, começou a dar seus primeiros pulos num quintal de terra batida no fundo de sua casa e passou a treinar diretamente com o Mestre Ferreirinha, no antigo Tiro de Guerra local. Ainda menino, começou a freqüentar as rodas dos festejos da lavagem de Santo Amaro da Purificação, onde conheceu grandes mestres do Recôncavo Baiano. Na década de 70 mudou-se para Salvador deixando muitos discípulos em Santo Amaro, entre eles o Mestre Zé Dário. Lá chegando, foi morar no Nordeste de Amaralina, tendo seu primeiro contato com alunos de mestre Bimba.

Besouro Mangangá


Mangangá de Santo Amaro
Nome completo: Manoel Henrique Pereira
Vulgo: “Besouro”

* Nome dos Pais: João Matos e D. Maria José

* Nascido em uma região quilombola de nome Urupi (Oliveira dos Campinhos) Santo Amaro da Purificação em 1900
* Profissão: Vaqueiro
* Nome de seu Mestre era um ex–escravo do Engenho Pantaleão: Tio Alípio

* Descrição: Mulato escuro residente na Usina Maracangalha (Cinco Rios) Maracangalha – São Sebastião do Passé – Ba.

Quanto ao apelido “Besouro Mangangá”
Conta-se que surgiu quando, após arrumar mais uma encrenca com a polícia, desapareceu misteriosamente. Atordoado, um policial perguntou para um dos que assistiram à cena: “Você viu pra onde foi aquele negro?” “Vi, sim senhor. Ele virou besouro e saiu voando”.
Treiler do Filme Besouro

A briga de Besouro no Largo da Cruz
Acontecido se deu no Largo da Cruz. O soldado desafiou Besouro (Besouro respondeu) volta, volta que eu não quero te fazer nada Besouro pegou o revólver da cavalaria”.

O soldado da polícia que aparece nesse caso chamava-se José Costa e teria saído no encalço de Besouro de Mangangá após receber ordens do delegado Manoel Francisco. A polícia teria sido informada que Besouro estava ao Largo da cruz, atual praça Batista Matos. Besouro correu pelo Beco do Xaréu, atravessou a ponte. José Costa, que corria muito, conseguiu aproximar-se de Besouro, mas foi atingido pelos disparos do revólver de Besouro. A valentia de Besouro é lembrada por todos. Nesse caso, ele acertou dois tiros no braço do policial. O fato de ele ter enfrentado a policial tornou um herói, um mestre para os meninos do trapiche de Baixo, onde jogavam a capoeira descalços e de roupas comuns. Sua fama acabou virando lenda. A população foi produzindo histórias sobre ele em que os casos e coisas impossíveis, misturam-se com o possível. Uma áurea de mistério cerca este personagem. Contaram-me certa vez que ele tinha poderes de desaparecer,transformar-se em Besouro e voar fugindo de seus inimigos. Aliás, suas fugas fantásticas da perseguição policial são um traço marcante em todas as suas aventuras guardadas na memória popular.

A luta de Besouro no Largo do Cruzeiro!



Sinhô Antunes, em 1921, um menino de 12 anos, aluno do Colégio Bom Jesus ( hoje agencia do BB) dirigido pelo conceituado educador da época, Dr. Thier de Abreu Chagas ( Bel em Direito), assistiu á famosa peleja através da frincha dentre as duas metades entreabertas de uma das janelas do educandários. Todo o colégio esteve em polvorosa menos ele que, de olho acesos , sem pestanejar, testemunhou o combate e há pouco , ofereceu-me o relato.
Os policiais foram três – duas praças encarabinados e um tenente delegado (Manuel Francisco de tal) - que emboscaram Besouro então pernoitado em casa suspeita de rapariga no estreito Beco de Bilhar, que ia do Largo da Cruz a margem Rio Subaé, hoje por um portão ao lado da papelaria de Argemiro, o Baú. Três praças guarneceram a passagem pelo lado de trás( do rio) e, pelo outro lado, o do largo da Cruz, como foi dito, o tenente e seus soldados fecharam o cerco. Avisando do perigo, Besouro rapidamente escolheu enfrentar a situação pelo lado do cruzeiro que oferece ainda várias saídas por ruas dali derivadas. Sinhô viu tudo naquela inesquecível manhã de verão.
A luta travara-se em torno do grande cruzeiro de base quadrangular enorme . No instante em que se seguiu á grande expectativa, irrompe do beco o agilíssimo Besouro e enfrenta os fardados que disparam as armas sem firmeza na mira e vão, incontinente, ser golpeado pelos ágeis pés do capoeirista que alcança, num certeiro açoite de calcanhar, a cabeça do tenente pondo-o fora de forma, desmaiado; o pânico domina as praças que disparam a esmo conseguindo apenas o volumoso pedestal da cruz atrás do qual, em brusca manobra, esquivas-se o ágil capoeirista, e num rápido instante, reaparece, golpeia os soldados afastando-lhes as carabinas, atirando-as ao longe, quando , célere, precipita-se em fuga e alcança o Beco do Xaréu, e atravessando o rio (sem ponte aquele tempo) desaparece na ladeira do Calolé acima ganhando a liberdade dos densos canaviais , adiante. Foi tudo muito rápido. As marcas das balas se fixaram em sulcos fundos na pedra lisa do pedestal da enorme cruz, que os meus olhos de menino curioso ainda viram antes de erradicarem o vistoso cruzeiro, o mesmo que século anterior servira de encosto instantes antes de desfalecer, já atacado pelo cólera, ao lendários sanitarista, o nosso herói-mártir da medicina- Cyipriano Betâmio.

Briga de Besouro na Ponte da moringa com policiais!

Eu era menino quando ele foi morto(...) Meu pai gostava de contar, por exemplo, uma briga que presenciou na margem do rio Sabaé, entre Besouro e seis ou oito praças, os soldados de sabres desembainhados investiam contra ele que negaceava, fugindo dos golpes, de vez enquanto gritava: Vou tirar seu quépi macaco! Ia no bolo e retirava o quépi do soldado sem menor ferimento”.
O desfecho dessa historia afirma que ele teria corrido dos policiais e se jogado em uma cachoeira fugindo a nado. (Adroaldo Ribeiro Costa / 1971)

Cobrinha Verde conta uma estória sobre Besouro!
Na verdade, existem diversas histórias sobre Besouro as quais misturam ficção e realidade. Uma delas é contada por seu primo e aluno Cobrinha Verde, e diz que “certa feita, sem trabalho, Besouro foi à Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro e conseguiu colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia “quebrado” pra São Caetano, isto é, não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestar era surrado e amarrado num tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e, quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de tremenda surra”.